O Projeto Cine-IFRO, do Campus Guajará-Mirim, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, finalizou suas ações em 2020 debatendo “Educação Antirracista” com diferentes pesquisadores convidados. O evento foi uma ação do Núcleo de Extensão em Produção Cultural (NEPC) da unidade e aconteceu de modo remoto. A atividade envolveu as comunidades interna e externa do Campus Guajará-Mirim e ocorreu no dia 25 de novembro reforçando, conscientizando e ampliando o debate do mês da Consciência Negra.
Segundo a coordenadora do projeto, professora Marcela dos Santos Lima, o Cine-IFRO realizado em novembro continuou a exercer sua maior característica, que é atuar de forma interdisciplinar e como projeto integrador, envolvendo diferentes áreas do conhecimento. “Os diferentes mediadores enriqueceram com seus conhecimentos e experiências o debate, que foi extremamente importante e afetivo para todos os participantes”, comentou a docente.
No mês de novembro o projeto trouxe como mediadores o Professor Marcos Moreira (Coordenador do NEAD-UnB Senior Fellow Professor da Universidade de Melbourne, Austrália, Professor Adjunto da Universidade de Brasília (UnB), Pós- Doutor pela École Normale Supérieure - Paris/Caen, França) a Professora Cícera Nunes (Doutora em Educação, Prof.ª da URCA - Universidade Regional do Cariri, Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Relações Etnico-Raciais -NEGRER) e a Professora Lisiane Oliveira e Lima Luiz (Mestra em Estudos Literários pela UNIR, Professora Mediadora do Programa Novos Caminhos - IFRO). “É característica do projeto trabalhar com temas transversais envolvendo ética, cidadania, pluralidade cultural. Dessa forma, trazer ao debate as questões raciais, culturais e, sobretudo, de representatividade, é contribuir e trabalhar a diversidade como um valor para toda a comunidade escolar”, explicou Marcela.
Para o Professor convidado, Dr. Marcos Moreira, a experiência de participar do evento promovido pelo Instituto Federal de Rondônia foi ímpar. “Conhecer novos pesquisadores sempre é enriquecedor, mas poder compartilhar pesquisas com carinho, arte e ética sempre faz o conhecimento recuperar seu sentido – o de humanizar o homem. O projeto coordenado pela professora Marcela Lima propicia esse prazer do conhecer. Difícil não se sentir acolhido por um grupo tão bonito. Usar o conhecimento como humanização já é um grande passo contra uma sociedade estruturalmente racista. O racismo desumaniza o homem – tanto sua vítima como seu algoz, explica Fanon. Um projeto como o Cine-IFRO contribui na luta contra essa desumanização. Parabéns! Espero que seja a primeira parceria entre as instituições de Brasília e de Rondônia”, ressaltou.
Segundo a Professora convidada Lisiane Oliveira e Lima Luiz participar da última edição do Cine IFRO- foi uma experiência maravilhosa, “[...] pois debatemos sobre um tema muito relevante com professores, alunos e a comunidade, e esta interação sempre gera aprendizados. O Cine IFRO idealizado e organizado pelos professores membros do projeto e os bolsistas é uma ação efetiva para uma educação antirracista e contribui para que a Lei 10.639/03 seja colocada em prática nas escolas do Ensino Básico. Por mais eventos assim!”.
O Professor Etnã de Oliveira Lima, membro do projeto e professor de Informática do Campus Guajará-Mirim, destacou que o evento foi aberto ao público geral e se demonstrou interessante pela diversidade, em sentido amplo, que ele foi capaz de reunir. “No decorrer das falas, relatos, comentários, depoimentos, poesias e outras manifestações ficou notório que no Dia da Consciência Negra, também são relembradas as duras lutas travadas e, é claro, as atuais. [...] O IFRO de fato justifica o jargão ‘educação que transforma’, pois é pela instrução/educação que as transformações na sociedade humana começam a ocorrer. O IFRO já demonstrou e foi reconhecido como um verdadeiro espaço de inclusão, no sentido amplo da palavra”, disse.
Conforme a Professora de Artes, Marcela Lima, o projeto finalizou suas ações em 2020 de forma satisfatória. “Foi um encontro importantíssimo envolvendo pesquisadores de vários lugares, conhecimentos e experiências. Percebemos que as ações do Cine-IFRO devem continuar como campo de debate, saberes, criticidade e reflexão. Além disso, o projeto desde seu início mostrou-se como ferramenta pedagógica ampliando as possibilidades de produção de conhecimento dos alunos e da comunidade externa e, um detalhe importante, trouxe um ‘lugar de fala’ para todos os envolvidos”, avaliou a docente.
O evento contou com a participação das alunas do Projeto Monitoria Protagonista, coordenado pelo professor de Língua Portuguesa Antônio Ramiro de Mattos, que tem como colaboradora a professora de Sociologia Maria das Graças Freitas de Almeida. As alunas realizaram algumas performances e declamação de poemas.Para a aluna Sabrina Pereira Campos, do 2º ano de Informática Matutino, o evento foi muito proveitoso, “[...] uma experiência muito legal. Pudemos nos apresentar e contemplar as apresentações dos outros participantes. Achei muito importante falarmos sobre o tema, principalmente com pessoas que tem propriedade na sua fala”.
A aluna Yasmin Luzia Ramos Herreira, do 2º ano de Informática Matutino, disse que a edição de novembro “[...] foi o primeiro Cine-IFRO que participei e achei incrível. A equipe do projeto é sensacional e o projeto é mais ainda, por trazer conhecimento de diversas reflexões para as pessoas. O evento do Dia da Consciência Negra foi lindo e bem marcante por ser um tema bem delicado e as apresentações feitas foram totalmente incríveis”.
De acordo com a aluna Estéfane Luricy Flores, do 2º ano do curso de Informática “[...] É de suma importância falarmos sobre o racismo em todos os seus aspectos. Sabemos que o nosso cenário atual tem uma conexão muito forte com o passado e isso deve ficar claro na cabeça dos jovens, e com todas aquelas falas incríveis que tivemos durante o evento como a dos professores Marcos Moreira, Cícera Nunes e Lisiane e das apresentações das alunas do segundo ano abordando sobre a desigualdade, e ensinando como não ter uma atitude racista, todos com o mesmo objetivo que é trazer o conhecimento necessário para as pessoas, para que juntos possamos construir uma sociedade antirracista”.
No evento também houve a participação de professores e alunos da Escola Irmã Celeste. O encontro foi proposto pela Pedagoga, Professora Substituta do IFRO Campus Guajará-Mirim, Irisneide Moraes da Silva Araújo, que também faz parte da coordenação da escola. “Além disso, é fundamental agradecer aos intérpretes de LIBRAS, Dúnia e Laurindo, sempre presentes e atuantes em todos os eventos do Cine-IFRO fortalecendo ainda mais a inclusão”, destacou Marcela.
Sobre o Projeto Cine-IFRO
O projeto CINE-IFRO implanta o primeiro Núcleo de Extensão em Produção Cultural – NEPC dos Institutos Federais de Rondônia. De forma online vem recebendo a contribuição de diferentes profissionais e pesquisadores de várias regiões do país ampliando ainda mais o debate e a produção de conhecimento para a comunidade interna e externa do Campus de Guajará-Mirim.
De acordo com a professora de Sociologia do Campus Guajará-Mirim, Maria da Graças Freitas de Almeida, que também é membro do projeto e vice-coordenadora do Núcleo de Extensão em Produção Cultural – NEPC, o Cine- Ifro é um projeto que trabalha com arte e cultura, diversos temas sociais, entre os quais estão o combate à violência doméstica, valorização da vida e por uma educação antirracista, pleiteando assim, uma sociedade fundamentada na empatia e oportunidades para todos. “Principalmente, nesse momento ímpar que estamos vivenciando em decorrência da pandemia do coronavírus. As carências emocionais acentuaram-se desencadeando situações estressoras com a incerteza de quanto tempo essa pandemia vai durar, causando assim sofrimentos e abalos emocionais em todos. Portanto, todas as formas para suavizar as angústias e diminuir o distanciamento são vistas de forma acalentadora. Desta forma, o Cine-IFRO contribuiu para amenizar as saudades e tristezas decorrentes do isolamento social e através de debates significativos com especialistas, músicas, vídeos motivadores, participações dos alunos, poemas e liberdade de expressão, oportunizando momentos de interação, aprendizado e empatia, contribuindo para o desenvolvimento do pensamento crítico e o convívio coletivo”, relatou.
Cine-IFRO na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
Segundo a coordenação do projeto, as últimas ações do Cine-IFRO no mês de outubro envolveram a participação do referido projeto na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. O evento teve como mediadores o Professor Dr. Esdras de Oliveira e a Professora Ma. Marcela Lima do Campus Guajará-Mirim.
De acordo com o professor Etnã de Oliveira Lima, membro do projeto e professor de Informática do Campus, a sessão do Cine IFRO na 17º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2020 apresentou o documentário “Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos”. “O Projeto desenvolveu por meio de reflexões, comentários e vivências sobre fatos históricos que marcaram o século XX expostos na película de 1999 , como por exemplo, as bombas atômicas lançadas na Segunda Grande Guerra. A participação do público foi expressiva e diversificada. A plataforma Macromedia Flash do Youtube viabilizou alcance e disponibilização à nível de Brasil/Mundo. A atividade foi um sucesso, e mais uma vez o IFRO reitera o seu compromisso com a ciência e tecnologia para o bem da sociedade brasileira/humana”, falou o docente.
Poema apresentado no Cine-IFRO
A seguir o poema criado pelas alunas Yasmim e Sabrina e declamado durante o evento como proposta de reflexão:
Melanina
Por Yasmin Luzia Ramos Herreira e Sabrina Pereira Campos
É difícil nos reconhecer
nos ver representado na tv
nos respeitarem por apenas ser
só quem sente consegue entender
nos negam oportunidades
nos negam representatividade
nos negam inclusão
e para eles somos podridão
vestem nossa pele quando convém
mas a realidade é outra
quando nos rebelamos
nos matam como moscas
nossas tranças,
nossas roupas
nossa história
em quem não pertencem
acham bonito
em pele negra expõe o racismo
temos a obrigação de educar
quando outros insultam nossa história
algo que deveria ser óbvio
para eles é tachado como chacota
nos chamam de preto como insulto
e por tempos negamos nossa história
no entanto somos pretos com orgulho
e por isso não apagaremos nossa memória
memória daqueles que lutaram por justiça e igualdade para os irmãos
enquanto o mundo os enjaulavam
tratavam como mercadorias no porão
pouco a pouco estamos moldando nossa força
para reafirmarmos nosso lugar de direito
sermos tratados como devemos
e não mortos por puro preconceito.
Fonte: Assessoria
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