Tagliaferro chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE durante a presidência de Moraes.
Ele deixou o cargo em maio de 2023, após ser preso sob suspeita de violência doméstica.
O ex-chefe do setor de combate à desinformação ficou conhecido após ter conversas com juízes auxiliares e pessoas próximas a Moraes vazadas.
As mensagens trocadas via WhatsApp são desde o período eleitoral de 2022 até maio de 2023.
Um dos interlocutores é o juiz auxiliar de Moraes no STF, Airton Vieira, de quem Tagliaferro recebia pedidos sobre bolsonaristas a serem monitorados nas redes.
Parte dos pedidos de Airton Vieira, mostram as mensagens, eram enviados pelo ministro.
A defesa de Marcelo Câmara não explica na petição o motivo de elencar Tagliaferro entre as testemunhas e quais informações ele poderá prestar sobre os fatos denunciados pela PGR.
Na resposta à denúncia, o advogado Eduardo Kuntz, que também defende Tagliaferro na investigação aberta após a publicação das mensagens com os juizes de Moraes, cita apenas o inquérito das fake news.
As três menções ao inquérito não guardam relação com Tagliaferro, mas citam que a investigação não guarda relação com o caso da trama golpista investigado na PET 12.100 do STF.
Câmara foi assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um dos 34 denunciados pela PGR em meados de fevereiro por conta de um suposto plano de golpe golpista.
No dia seguinte à denúncia, Moraes deu 15 dias para que os denunciados se pronunciassem sobre as acusações. O prazo acaba nesta quinta-feira.
Ele chegou a ser preso em fevereiro de 2024 durante a operação Tempus Veritatis, mas teve a liberdade provisória decretada em maio por Moraes. Ele é suspeito de estar envolvido no monitoramento do ministro. Ele nega.
Ele também pediu o impedimento de Moraes, que relata o caso no STF alegando que ele está envolvido com os fatos apurados pela investigação.
“Partindo-se da consagrada premissa de que a imparcialidade é da essência da função jurisdicional, à toda evidência este Eminente Relator, figurando claramente como parte no caso, não reúne as condições mínimas de imparcialidade para presidir e julgar a presente ação penal”, afirma a defesa do militar.
Segundo a defesa, Câmara não fez nenhum monitoramento ilegal do ministro, apenas “acompanhamento por fontes abertas”.
“O que há de ilegal em fazer pesquisas através de fontes abertas, entenda-se: google, telefonemas, agendas públicas? Aliás, admitindo-se apenas por argumentação que há algo de ilegal, onde se encontra, ainda que minimamente, a descrição dessa ilegalidade na denúncia ou a subsunção clara dos fatos narrados aos delitos imputados?”, questionou o advogado.
Por Fabio Serapiao e Letícia Pille
Fonte: metropoles.com