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Influenciadoras que entregaram banana e macaco de pelúcia para crianças negras serão julgadas

quinta-feira, 13 de março de 2025 | 05:22 WIB Last Updated 2025-03-13T12:22:05Z
Via @portalg1 | O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) vai dar início nesta quinta-feira (13) ao julgamento das influenciadoras Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves, acusadas pelo Ministério Público (MPRJ) por injúria racial contra duas crianças negras.

Kerollen e Nancy, mãe e filha, com mais de 13 milhões de seguidores em uma de suas redes sociais, gravaram dois vídeos onde aparecem entregando uma banana e um macaco de pelúcia para crianças negras em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Estado.

Segundo o MP, a entrega de bananas e um macaco de pelúcia a crianças afrodescendentes revela uma presunção racista de que pessoas negras seriam associadas a macacos.

"Este é um exemplo claro de racismo disfarçado de entretenimento nas redes sociais. As acusadas exploraram a inocência de crianças negras para produzir conteúdos ofensivos e humilhantes", disse o advogado João Marcos Viana de Moraes, que defende as crianças.

"Estamos confiantes de que a Justiça será feita, garantindo a proteção da dignidade das vítimas e reafirmando combate ao racismo", completou.

A primeira audiência de instrução e julgamento está marcada para às 13h40, na 1ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, no bairro de Colubandê, nesta quinta.

O Ministério Público pede a condenação das duas influenciadoras e o pagamento de R$ 20 mil para cada uma das vítimas, como indenização por dano moral.

Segundo o advogado Mário Jorge dos Santos Tavares, que faz a defesa de mãe e filha, os vídeos foram editados e as influenciadoras não praticaram nenhum ato racista.

"Os vídeos foram editados. A todo momento os pais, as crianças e as minhas clientes interagiam. Todos os envolvidos são da mesma comunidade e, infelizmente, foi notificado e colocado na mídia como se elas fossem pessoas racistas. Como pessoas que praticavam racismo recreativo", disse Mário Jorge.

"Todos os envolvidos são pessoas simples, humildes. Elas começaram a fazer essas brincadeiras durante a pandemia para se distraírem. Não houve racismo. Não havia intenção de prática de racismo", analisou o advogado.

Relembre o caso

No primeiro semestre de 2023, Kerollen e Nancy gravaram dois vídeos com crianças negras em São Gonçalo, perto de onde elas moravam.

Nancy e Kerollen saindo da Decradi, no Rio, em junho de 2023. — Foto: g1/Rafael Nascimento

No primeiro vídeo, elas abordaram uma criança de 10 anos, que vendia balas próximo a um supermercado em Alcântara. No vídeo, elas aparecem entregando uma banana ao menino negro.

A gravação mostra Kerollen conversando com o menino na calçada e questiona se ele gostaria de ganhar um presente ou R$ 10. Ele opta pelo presente, mas, ao perceber que se tratava de uma banana, responde “só isso?”, afirma que não gostou e sai andando.

A conduta foi filmada e divulgada em rede social em tom de deboche, sendo considerada ofensiva à dignidade da criança, segundo o MP.

O outro caso foi com uma menina negra de 9 anos, que brincava próximo à sua casa em Jardim Catarina. A dupla ofereceu um macaco de pelúcia de presente. Essa ação também foi filmada e divulgada em rede social.

A influenciadora para uma menina na rua e faz uma proposta similar a do primeiro vídeo, oferecendo a opção de a criança escolher entre R$ 5, ou uma caixa.

A criança opta pelo “presente”, abre a caixa, vê que se trata de um macaco de pelúcia, aparenta ter ficado feliz, abraça o brinquedo e agradece a influencer.

Por Rafael Nascimento, g1 Rio
Fonte: g1

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