Durante o interrogatório, o empresário informou que atirou contra o gari Laudemir durante uma discussão de trânsito e que cometeu o crime de homicídio. Disse também que a esposa dele, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, não tinha conhecimento de que ele pegou a arma. Ele informou, ainda, que esta foi a primeira vez que ele usou o armamento dela.
A confissão do crime foi feita logo após os advogados de Renê anunciarem que abandonaram, na segunda-feira, a defesa do suspeito.
Renê foi preso em uma academia no último dia 11, horas após a morte de Laudemir. O empresário ameaçou a motorista do caminhão da limpeza urbana porque queria passar com o carro na rua onde o veículo estava parado. Os colegas de equipe foram defender a mulher, momento em que o empresário atirou e atingiu o gari.
O empresário pode responder pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, porte ilegal de arma e ameaça. Se condenado, ele pode pegar até 30 anos de prisão.
Atirador foi reconhecido por testemunhas
O promotor Guilherme de Sá Meneghin argumentou que Renê foi reconhecido por testemunhas como autor dos disparos, utilizando a arma da esposa.
A Subcorregedoria da polícia chegou a abrir uma investigação para apurar eventual responsabilidade da delegada no uso da arma pelo marido, mas ela não foi afastada da função.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu o bloqueio de bens no valor de R$ 3 milhões de Renê e da delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira. A medida foi ajuizada pela defesa de Laudemir e tem como objetivo impedir que os bens do casal sejam desviados antes que os familiares do gari recebam a devida indenização.
Renê está preso atualmente no Presídio de Caeté, na Grande BH, para onde foi levado após a Justiça decidir em audiência de custódia converter prisão em flagrante em preventiva.
Relembre o caso
O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior disparou contra Laudemir Fernandes após se irritar com o caminhão de lixo bloqueando a rua e ameaçar a motorista do veículo.
A mulher que dirigia o caminhão de lixo disse que Renê exigiu que fosse aberto caminho para ele passar com seu carro. Ela afirmou que havia espaço suficiente na rua, o que teria irritado o empresário ainda mais. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse, mas ele atirou e acertou Laudemir.
A vítima foi socorrida pela Polícia Militar e levada em uma viatura para o hospital, onde morreu. A prefeitura informou que Laudemir prestava serviços por meio de uma empresa terceirizada de limpeza e afirmou que está prestando apoio à família dele.
Duas armas que estavam na casa de Renê e da delegada foram apreendidas. Exame de balística feito pela polícia confirmou que uma delas foi usada no crime. Trata-se de um armamento de uso pessoal de Ana Paula Balbino Nogueira.
Por Fernando Zuba, Ana Carolina Ferreira — Belo Horizonte
Fonte: g1