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Um general insubmisso

quarta-feira, 1 de maio de 2019 | 22:19 WIB Last Updated 2019-05-02T05:19:05Z
Alguém está querendo presidir o Brasil sem ter sido eleito diretamente. Já vimos este filme?

Por Maycson Rodrigues

Hamilton Mourão. 

Quando você assume que vai votar (direito constitucional) num militar ou egresso do militarismo, como foi no caso das últimas eleições presidenciais, isto significa que você acredita no valor visceral da disciplina, do respeito às autoridades, da ética e da hombridade.

Votamos numa chapa liderada por um Capitão e um General, porém, na configuração política o Capitão é Presidente e o General, Vice. Logo, o inferior se alinha ao discurso e a qualquer decisão tomada pelo superior. Princípio básico da hierarquia.

A exceção da regra se dá quando o Presidente foge do espírito republicano e tenta caminhar na direção do autoritarismo, buscando o enfraquecimento das instituições, fazendo uso de mecanismos inconstitucionais para aumentar o e/ou perpetuar-se no poder etc.

O problema se encontra justamente neste ponto: o presidente não está agindo assim. Portanto, o vice precisa trabalhar com ele, não contra ele.

Se o presidente está ‘despetizando’ a máquina pública, se está criticando os movimentos sociais da esquerda radical, se está deixando claro suas posições políticas frente a uma oposição que, com o apoio da grande mídia, tem trabalhado diuturnamente para desgastar sua imagem e o seu governo perante a opinião pública, o que se espera de seu vice? Mais lenha na fogueira ou alinhamento e apoio político?

Mourão fez uma declaração em favor do aborto, quando o seu eleitorado indireto elegeu o seu líder exatamente porque seu posicionamento é evidentemente pró-vida. Há mais o que falar sobre isso?

Os desgastes políticos em meio à batalha campal pela aprovação da Nova Previdência são provocados pelo filho do presidente, pelo filósofo e astrólogo ou por aquele que deveria ser o seu braço direito na condução da missão de governar o país?

Quem está desdizendo quem? Quem está se retroalimentando da produção diária de críticas ao governo para estabelecer uma imagem de “conciliador”, “coerente” e “sensato”?

O distanciamento político do General em relação ao Presidente está tornando cada vez mais evidente um dado da realidade: não dê asa a cobras, pois elas podem voar e te picar mais cedo ou mais tarde.

Alguém está querendo presidir o Brasil sem ter sido eleito diretamente. Já vimos este filme? Bem vindos à política brasileira!




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