“Inicialmente, eu me neguei até que aparecesse alguém do setor de recursos humanos da empresa. Depois, eu assinei, porque a informação que eu recebi era de que, se eu não assinasse, eles iriam executar a demissão mesmo assim”, prossegue a ex-colaboradora.
Desde então, a mulher segue desligada da empresa, sem mais informações de quando vai receber valores referente a rescisão, seguro desemprego e outros benefícios. “Inclusive, já tem outra pessoa no meu lugar”, pontua.
Para a colaboradora, a demissão teve cunho político. Ela relembra que costumava protestar contra salários atrasados, durante os 18 meses em que atuou na empresa. “Sempre fui muito incisiva em cobrar que o pagamento fosse feito no dia certo, que a empresa tivesse responsabilidade contratual. Os funcionários que davam trabalho foram escolhidos para serem demitidos. Por dar trabalho, entenda-se cobrar os direitos”, relata a mulher.
“Foi uma punição política. Nunca sofri nenhum tipo de advertência, nem mesmo verbal. Mas, da minha parte, estou tranquila. Entendo que é muito melhor não ter nenhum tipo de ligação contratual com uma empresa que não cumpre condições de trabalho.”
Ela reforça que tinha um ano e meio de casa e que, neste período, houve atraso de salário em quatro ocasiões. “Em janeiro, por exemplo, viemos receber apenas no dia 15, e o combinado é no quinto dia útil.”
Protesto e nota de repúdio
Em 13 de janeiro último, funcionários da R7 Facilities protestaram em frente à sede do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDH) devido ao atraso no pagamento deste mês. Na ocasião, os colaboradores também se reuniram com a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) e lideranças da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Nacional, Sindiserviços-DF e do Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sindsep-DF).
Após saber da demissão, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) emitiu nota de repúdio “ao processo em curso para demissões de trabalhadores terceirizados da empresa R7 Facilities” e afirma que o passaralho ocorreu após os funcionários se reunirem com as lideranças citadas acima.
“Tais tentativas evidenciam retaliação contra as (os) trabalhadoras e trabalhadores, o que agrava ainda mais a situação da empresa que presta serviços ao MDHC”.
O Conselho pede ainda que o Ministério dos Direitos Humanos apure o caso junto a R7 e encerre o contrato com a empresa caso alguma demissão tenha sido efetivada.
“O CNDH também recomenda que o Ministério acompanhe a situação de forma rigorosa, assegurando que todos os direitos trabalhistas sejam respeitados integralmente e reveja o contrato com a empresa, a fim de preservar os direitos de quem trabalha”, encerra o Conselho.
Outro lado
Em nota publicada nas redes sociais, a R7 Facilities negou haver desligamento em massa na empresa. “Por fim, enfatizamos que seguimos comprometidos em oferecer o nosso melhor para cada um de nossos colaboradores, clientes e fornecedores”, esclarece a empresa.
“Reiteramos que nossa sede está localizada no SIA Trecho 17, Rua 14, Prédio 170, com funcionamento regular dentro do horário comercial de segunda a sexta-feira há 5 anos, no mesmo endereço. Onde todos são bem-vindos para conhecer nossas instalações.”
Por Willian Matos
Fonte: metropoles.com